segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Limites.


Hoje saiu uma matéria no G1 que me faz questionar até onde vai o limite de cada um.
Acho melhor lerem primeiro para depois lerem o que quero dizer.

A palavra bullying caiu na boca do povo hoje e todo e qualquer "xingamento" de criança virou bullying. Quem convive com criança ou quem lembra direitinho da sua infância sabe muito bem como que são: falam muita coisa sem pensar. Uns dizem que "criança é má", mas não é. Ela simplesmente não tem parâmetros e referências.

Estou falando isso sendo que sofri o que na época era chamado de bullying na minha escola. E quem dedurava penava mais. Usei aparelho de audição, tinha uns óculos que pareciam lupas (10 graus de miopia), cabelo crespo, além dos meus 1,45 de altura, nariz pequeno e não ia muito bem nas aulas. Ou seja, tinha um mundaréu de "defeitos de fabricação" que formavam um prato completo para meus amigos me zoarem. Não vou dizer que não sofri, que não chorei. Vários apelidos, principalmente vindo dos meninos.

Imagina pra uma menina, no auge de sua pré-adolescência, ter seus amigos inventando os mais variados apelidos. Óbvio que eu queria acordar e ser linda e maravilhosa. Alta, escutando bem, sem precisar dos óculos, cabelo liso... Com 10 anos fiz uma cirurgia chamada "crânio facial" onde aumentei meu nariz (1a árabe a aumentar! rs) e com 12 anos coloquei lentes de contato. Quando vi a reação dos meus amigos "cadê seus óculos?" e eu falava feliz "to de lente", percebi que dava pra maquiar as coisas. Aprendi a fazer escova e a usar micro salto.
(tenho um amigo que foi o que mais demonstrou felicidade por mim quando coloquei lente e um dia ele vai saber quem é)

Cogitei sim tomar hormônio de crescimento, já tinha ouvido falar dessa cirurgia que essa menina fez. Mas eu e minha mãe nunca fomos adiante nisso, por causa dos riscos x que podiam aparecer.

Hoje em dia ando muito bem com saltos gigantes, tenho um mundo de cremes para o cabelo, operei a vista (uso lentes também), me adaptei a falar "ahn?" e a ler lábio quando não escuto o que outra pessoa diz.

Não vou dizer que sou 100% feliz com tudo isso, mas não arriscaria minha saúde por uma questão estética ou por bullyers. Não sabemos os resultados no longo prazo.
Não vou dizer também que essa menina está errada. Respeito totalmente as decisões dela. Não posso julgar o psicológico de ninguém, afinal ela tem uma espécie de nanismo, o que interfere nas proporções do corpo.

Mas o que quero discutir aqui é: qual o limite que temos pela estética? Qual o limite que nos damos para a estética que ultrapassa nossa saúde, em virtude da padronização de uma beleza desumana (magreza, altura, tudo)? Meio clichê, mas são tantas loucuras que mulheres chamadas perfeitas fazem pela sua aparência que eu fico cada vez mais confusa.

São tantas as outras coisas que fazem a nossa cabeça criar minhocas, que a estética é algo tão pequeno... Os apelidos que recebi quando criança me fizeram, depois de um tempo, aceitar meus defeitos com a naturalidade com a qual encaro hoje em dia. Quem convive comigo sabe...
Acho que essa foto abaixo mostra bem isso.



:)
Enfim, don't worry. Be happy!